As agulhas e o palheiro: palestra deste sábado (20) no CCBB-RJ mostrou os bastidores de Portinari Raros

2022

Com direito a dois sorteios ao final da conferência, neste sábado (20) às 15 horas, no terceiro andar do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-RJ), ocorreu a palestra As agulhas e o palheiro, sobre os bastidores da exposição Portinari Raros, em cartaz até 12 de setembro. “As agulhas seriam a obra completa de Portinari. Já o palheiro, o Carrossel Raisonné”, afirmou João Candido, diretor-geral do Projeto Portinari, referindo-se às dificuldades até hoje encontradas no descobrimento e catalogação das obras do pintor.

“Através dos tempos, eu e o João fomos pensando em maneiras de revitalizar a obra de Candido Portinari” afirmou Marcello Dantas, curador das exposições Portinari para Todos e Portinari Raros. De acordo com ele, graças ao advento de uma tecnologia de altíssima qualidade, foi possível realizar uma mostra imersiva de Candido Portinari no Museu da Imagem e Som (MIS-SP).

Contudo, a exposição no CCBB-RJ foi sua contraposição. “Tomamos o caminho reverso: olhamos para as obras de Portinari que foram negligenciadas, para os tantos recortes já feitos e pérolas que as pessoas desconhecem”. Para o curador, mesmo sendo a obra do artista indissociável do tema humano, decidiram começar pelo seu reverso. “Quando Portinari afirma ‘meu interesse é o homem’, começamos na exposição com sua antítese: a fauna”.

De acordo com João Candido Portinari, em outubro de 1946, quando seu pai expunha 84 trabalhos na Galeria Charpentier, em uma Paris que ainda sangrava com a guerra, foi abordado pelo Duque de Windsor. “O duque perguntou a meu pai se ele não pintava flores. Mesmo precisando de dinheiro, Portinari falou assim: ‘eu só pinto miséria’. Mas pra não dizer que não falei das flores...”, afirmou, seguido por risadas descontraídas da plateia, “meu pai falou de flores também”.

Segundo Marcello Dantas, exatamente porque as obras expostas eram pouco documentadas, o volume de informações acerca delas era muito mais enxuto. “Se você não tem a música e a coreografia do Balé Iara, fica difícil realizar o sonho de reencená-lo”, exemplificou o curador. Apesar da escassez de alguns dados, em seu entendimento, a exposição foi bem-sucedida em sua proposição. “O que essa mostra quer demonstrar é que Portinari era um experimentador nato, seja por condição de saúde, seja por experimentação técnica”, concluiu Dantas.

 
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