FCO-4894 - Retrato do Dr. I. F. | Obras

Informações Gerais

Título

Retrato do Dr. I. F.

Local de Produção

Prêmio

"Esta obra obteve a Menção Honrosa da Exposição de Arte Contemporânea da Escola Nacional de Belas Artes / ENBA em 1922, primeira distinção concedida ao artista."

Autoria

Candido PortinariPessoa

Observações Históricas

O retratado é Ezequiel Fonseca Filho, que morava na pensão onde Portinari morou quando mudou-se para o Rio de Janeiro, conforme relatado pelo próprio retratado: “... Logo nos tornamos amigos, passando a sair juntos todas as manhãs, muito cedo, até o Largo do Machado, onde no Café Lamas fazíamos a nossa primeira refeição, geralmente, uma média com pão e manteiga. Nunca faltei com minha ajuda, dentro de minhas possibilidades, quando lhe faltava dinheiro para estas pequenas despesas, mesmo porque a sua companhia e a sua inteligência, que já despontava, me eram muito agradáveis e gratificantes. Certa vez, quando caminhávamos em nossas costumeiras andanças pelo velho Rio, perguntei-lhe: ‘Você poderia copiar em uma tela um retrato de meus pais? Custearei todas as despesas.’ A resposta não tardou, balançando o indicador da mão direita, de um lado para o outro; enfatizando sua negativa, disse-me: ‘Não copio, crio.’ Querendo satisfazer o meu desejo, replicou: ‘Aí em cima tem um paisagista cearense que poderá fazer este trabalho. Eu poderei falar com ele.’ Voltando-se para mim, disse: ‘Se você quiser, porém, custear as tintas para o seu retrato, poderei tomar parte na exposição da Escola de Belas Artes.’ No mesmo dia, compramos as tintas, e no dia seguinte, estava eu na sala de jantar [...], posando. Na véspera da exposição, Portinari trouxe um cartão de convite para a solenidade de abertura da mostra. À hora aprazada estava eu no salão da exposição da Escola de Belas Artes [...], diante da tela de meu retrato. Confesso que não me reconheci; no entanto, lá estavam os seguintes dizeres: ‘Prêmio: Menção Honrosa’. Era a primeira vez, disse-me ele, que se manifestava em público. Abraçamo-nos. À época comentava-se que o valor artístico do trabalho estava nos detalhes de uma orelha. Nunca mais vi Portinari...” [DE 71].